domingo, 3 de março de 2013

Não te aflijas





Não te aflijas: a beleza voltará a deliciar-te com o seu encanto; a cela de tristeza se transformará um dia em jardim de rosas.

          Não te aflijas, coração sofredor: o teu mal se transmutará em bem; não te detenhas a pensar no que te inquieta: esse espírito agitado conhecerá de novo a paz.


         Não te aflijas: mais uma vez vai reinar a vida no jardim em que suspiras, e breve, ó cantor da noite, verás sobre a tua fronte uma cortina de rosas.


          Não te aflijas se, por instantes, as esferas estreladas não giram à feição dos teus desejos: a roda do tempo não anda sempre na mesma direção.


          Não te aflijas se, por amor do santuário, avanças no deserto e os espinhos te ferem.


          Não te aflijas, minha alma, se a torrente dos dias faz em ruínas a tua morada mortal: tens Amor para te salvar desse dilúvio.


          Não te aflijas se a viagem é rude e a meta invisível: não há caminho sem termo.


          Não te aflijas, ó Hafiz, no humilde recanto em que te julgas pobre e na desolação das noites escuras: ainda tens o teu canto e o teu amor. 


Hafiz

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